12 Argumentos usados por falsos pastores para escravizar seus fiéis

Quando pensamos na palavra “escravidão”, geralmente imaginamos um negro acorrentado e sentimos alívio ao lembrar que esse tempo já passou. Embora o racismo ainda seja uma realidade presente, muitas vezes nos consolamos com a ideia de que já foi bem pior. Pois bem, não é sobre esse tipo de escravidão que quero falar neste post. Quero abordar uma escravidão velada, sem pudor, que acontece em todos os cantos do planeta.
Quero falar sobre a escravidão religiosa e como ela afeta a maioria das pessoas, que ao longo da história foram domensticadas para viver uma vida passiva diante de tantos abusos.
Neste artigo quero listar uma série de argumentos usados para escravizar vítimas durante anos e até a sua morte. Durante minha experiência dentro de certa “igreja”, convivi com diversos perfis de vítimas. Eu fui um pastor que, embora adotasse um tom moderado, também ensinei heresias e fiz vítimas; não escondo nem me eximo de culpa. Fui culpado, sim! E hoje pago um preço alto para recomeçar minha vida fora do sistema religioso.
É muito importante que você tenha cuidado com suas certezas. É comum muitos dizerem que agora encontraram a verdadeira igreja, que agora sim estão livres do engano. É preciso ter cautela, muita cautela. É só investigar, no seu passado não tão distante, para perceber que essa “certeza” também foi proferida com relação à antiga instituição.
Analisando o texto bíblico:
“Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino.” (Hebreus 5, 12, 13)
Percebemos que o autor chama a atenção para pessoas que simplesmente não evoluíram com o tempo. Geralmente, quando se pratica alguma atividade durante muito tempo, a qualidade vai aumentando por conta dos números de repetições e da experiência adquirida. Isso nem sempre acontece, como o próprio texto mostra, pois o que observamos hoje são muitas pessoas se tornando vítimas de diversas ‘igrejas’ diferentes durante um longo tempo.
Meu conselho para todos que estão lendo este livro é que tenham cuidado, mesmo que o ensino pareça ter muito sentido e pareça estar de acordo com a Bíblia. Enfim, detalharemos mais para frente o que se deve fazer quando se procura uma instituição para congregar.
A Bíblia é, e creio que sempre será, a arma primária dos falsos pastores para escravizar corações. Porém, ao longo da história do cristianismo, diversos argumentos foram usados para que o texto aprove o que está sendo feito.
Listaremos aqui alguns dos argumentos pelos quais não apenas aprendemos como também usamos durante anos dentro da “igreja” a que eu pertencia.
1- Maus olhos
Os falsos pastores estão sempre muito atentos a falhas de suas ovelhas. Muitos deles são implacáveis e têm total falta de misericórdia quando algum erro é detectado. O fiel, muitas vezes, é “corrigido” na frente de toda a membresia. Esse tratamento visa manter a unidade saudável, pelo menos é isso que se ensina. Mas por trás de tudo isso está um líder narcisista, que se impõe como o grande oráculo de Deus exatamente porque sua “igreja” obteve sucesso, e esse sucesso é usado como justificativa de aprovação divina. Funciona assim: “Se Deus não fosse conosco, não teríamos chegado aonde chegamos”. E geralmente esse discurso convence muito! Porém, da mesma forma que o pastor está atento aos erros da membresia, seus féis também são ótimos observadores. Quando alguma conduta do falso pastor estiver “estranha” ou até mesmo escancarada — e o líder for alvo de críticas e comentários —, ele certamente se utilizará deste texto para manipular, calar e garantir a passividade do rebanho.
“A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” (Mateus 6, 22. 23)
De acordo com o ensino empregado, os maus olhos são aqueles que sempre estão observando o erro do outro. O fiel será ensinado a ignorar, na certeza de que Deus sabe o que faz. Deus colocou seu servo em determinada posição e, caso seja de Sua vontade, Ele mesmo irá tirar. Claro que a essa altura o pastor já tem sua “panelinha” dentro da instituição, e geralmente são esses que ocupam os melhores cargos. Isso irá lhe garantir proteção e principalmente que o rebanho seja totalmente passivo às suas vontades.
Enquanto o fiel é hostilizado toda vez que erra, o falso pastor segue sua jornada com atitudes nada eclesiásticas e, muitas vezes, com uma conduta totalmente fora dos padrões que ele próprio ensina. Mas o fiel continua cegamente fiel e até mesmo sacrificando sua vida em prol da instituição. Ele simplesmente se nega a ver o que está diante dos seus olhos, se nega a aceitar. Sabota sua própria consciência porque está convencido de que seu “pastor” é um enviado de Deus, por isso qualquer denúncia que o fiel possa fazer irá “atrapalhar” e servir de escândalo para a “igreja”. Ele está vendo desvios de dízimos e de ofertas, enriquecimento ilícito do pastor e de sua família, compras de empresas que não têm nenhuma utilidade para a “igreja”, mesmo assim decide ignorar porque não quer ser visto pelos outros como alguém que tem maus olhos.
2 – O altar não deve nada para ninguém
A teologia da prosperidade chegou ao Brasil de maneira tímida e com muita resistência da igreja que já estava estabelecida aqui. Porém, encontrou um terreno fértil em nossos corações; um país cheio de problemas sociais onde o estado, além de não se fazer presente, é tomado pela corrupção. Não demorou para que muitos falsos pastores resistentes à novidade também se tornassem adeptos, pois era uma questão de sobrevivência.
Diversos textos foram adaptados para convencer os fiéis de que Deus era dono do ouro e da prata, por isso servos tinham que ser ricos. Porém, essa matemática não visava ensinar seus seguidores a se tornar empreendedores e a buscar conhecimento técnico, esse ensino estabelecia a seguinte troca: quanto mais dinheiro você entregar nos “altares” da instituição, mas Deus irá lhe retribuir.
O seguinte texto é muito usado nessa abordagem. “Insensatos e cegos! Pois qual é maior: o ouro, ou o templo, que santifica o ouro? E aquele que jurar pelo altar isso nada é; mas aquele que jurar pela oferta que está sobre o altar, esse é devedor. Insensatos e cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar, que santifica a oferta? Portanto, o que jurar pelo altar, jura por ele e por tudo o que sobre ele está” (Mateus 23. 17, 20)
O texto não ratifica essa afirmação. Ele fala sobre a hipocrisia dos fariseus, que se utilizavam das mesmas técnicas para manipular o povo judeu e garantir boa vida com fartura, enquanto o povo vivia à mercê de sua própria sorte.
As palavras ouro e altar estão bem presentes no texto e são usadas para passar a mensagem de que o “altar é tudo”, o “altar é rico” e tudo que for colocado nele será devolvido milhares de vezes mais. Pois o altar não deve nada para ninguém! O fiel compra essa ideia sem ao menos questionar o fato de que o texto se refere ao templo de Jerusalém, que nem existe mais. Nessa argumentação, o fiel é levado a olhar para o “altar” como uma grande “poupança”, na qual se investe todo seu dinheiro em troca de grandes lucros. Infelizmente isso também mostra a ganância do fiel, que está tão cego para obter lucros “fáceis” que não percebe a manipulação.
Obviamente que isso não exime o falso pastor de sua culpa. A maioria dessas pessoas é e foi vítima de falsos pastores exatamente por conta da maldade que existe no coração desses líderes. Claro que com o tempo esse fiel vai perder seus bens; vai ver sua empresa quebrar por conta de uma teologia fraudulenta, que só visa o enriquecimento ilícito desse falso pastor, e vai entrar na fase de questionamento que será abordada mais à frente. Quando o fiel indagar por que sua vida não muda, mesmo ele depositando seu tudo no “altar”, ainda levará a culpa com a alegação de que não deu tudo ou não deu com fé. Para Moura (2016, p. 95): “Dizer que estas pessoas não possuem fé é um crime muito maior do que enganá-las”. Nesses templos, os fiéis são explorados e ainda levam a culpa quando suas vidas não alcançam o resultado prometido.
Dizem que o altar não deve nada para ninguém, acontece que esse “altar” deve muito. Deve para milhões de pessoas, pessoas estas que só estavam em busca de paz, de acolhimento e de resolver suas demandas, mas infelizmente acabaram cruzando com falsos pastores narcisistas sem o menor amor no coração.
3 – Você abandonou o primeiro amor
Embora toda essa teologia da prosperidade consiga atrair muitos fiéis, ela não entrega o que promete. O resultado de tudo isso é um fiel que vai desanimando com o tempo.
O psicólogo Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), considerado o pai do behaviorismo radical, acreditava que o homem é educado (moldado) pela natureza e que seus comportamentos psicológicos são uma resposta aos estímulos que ele recebe desde o nascimento. O entendimento é o seguinte: o fiel é estimulado a participar de campanhas e, quando algo melhorar em sua vida, ele será levado a acreditar que essa melhora foi por conta das campanhas feitas. Isso serve de estímulo para continuar fazendo novas campanhas. Preciso esclarecer que “campanhas de oração”, na verdade, são campanhas de arrecadação. Durante todo o período que a “igreja” fica em oração por alguma área da vida, o fiel é convencido a doar altas quantias para a instituição. A “campanha de oração” é só uma cortina de fumaça para se chegar ao verdadeiro objetivo, que é o dinheiro da membresia. Deixe-me desenhar para você!
Uma “campanha de oração” chamada “A Carta de Afronta” é baseada em um verso bíblico no qual o rei Ezequias recebeu uma carta de ameaça do rei da Assíria. Esse texto está em 2 Reis 19.14: “Recebendo, pois, Ezequias as cartas das mãos dos mensageiros e lendo-as, subiu à casa do Senhor; e Ezequias as estendeu perante o Senhor”.
A jogada é sensibilizar o fiel com relação aos seus problemas pessoais e depois dizer que esse problema é uma afronta. Então a membresia é convidada para a “campanha de oração”, sempre acompanhada de envelopes para o fiel preparar uma “oferta de sacrifício”, entende?
Segundo o behaviorismo, o comportamento precisa receber estímulos. Como a tão sonhada vida abundante não chega, a tendência do fiel é ter seu estímulo reforçador extinto. Ou seja, ele pagou para ser abençoado; como não foi, então a tendência é parar de pagar.
Porém, o falso pastor não pode perder esse fiel doador, ele precisa urgentemente encontrar um verso bíblico que possa ser manipulado para resolver esse problema. O mais usado está em Apocalipse 2.4: “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor”. O verso fala sobre a igreja de Éfeso, que abandonou o primeiro amor e estava fria. O fiel é enquadrado nessa igreja, onde antes servia com amor e nunca questionava, mas agora está desanimando e triste. Diante de um enquadramento bíblico, a membresia faz uma autoavaliação e, na maioria das vezes, chega à conclusão de que esse estado de desânimo é por conta de “brechas espirituais”. Nesse momento, o fiel se enche novamente de ânimo, e o ciclo de abusos se renova. Essa tática é usada muitas vezes; quando não funcionar mais, muito tempo já se passou e o fiel já está sem nada.
4 – Não se misturam os vinhos
Imagine um falso pastor falando, durante um sermão, que os fiéis precisam ter cuidado com os falsos profetas. Isso passa para o público a sensação de que eles estão diante de um grande homem de Deus, já que, se o “pastor” fosse um falso profeta, não estaria alertando ninguém. Essa jogada engana muita gente, existem casos em que até o falso pastor acredita de fato ser um bom pastor. Essa combinação é extremamente destrutiva, pois em nome dessa “missão” vale tudo para se obter os resultados esperados. Por isso milhares de vítimas são deixadas pelo caminho a cada instante, é como se a “causa” estivesse acima de qualquer indivíduo e, portanto, os sacrifícios humanos fossem válidos em nome de um “bem maior”. O que acontece quase sempre é que esse bem maior são os interesses, misturados entre poder e dinheiro, que o falso pastor visa obter.
Todo esse discurso objetiva levar o fiel a sempre afirmar “Pastor nenhum me engana! Eu acompanho tudo na Bíblia; caso não esteja escrito lá, não obedeço”. Provavelmente você já deve ter ouvido alguém falar assim, com muita certeza no coração.
Uma grande parte dos fiéis de instituições religiosas ainda não entendeu que o texto bíblico permite sofrer muitas manipulações em sua interpretação. Isso acontece exatamente porque são textos bem antigos, de uma região muito distante. Para os entender com clareza, é necessário um estudo mais aprofundado, que nunca estará acessível em “igrejas” comandadas por falsos pastores. Porém, em tempos de acesso democrático à informação, os falsos pastores estão bem atentos. Eles precisam isolar o fiel de “supostas ameaças”, mas, na verdade, buscam apenas escravizá-lo. Lucas 5,37 diz: “E ninguém deita vinho novo em odres velhos; de outra sorte o vinho novo romperá os odres, e entornar-se-á o vinho, e os odres se estragarão”.
Esse texto é usado para neutralizar o fiel e ignorar qualquer alerta que possa vir de um familiar ou amigo. Ele é levado a se afastar de todos que discordam do que acredita, pois tudo o que é diferente significa uma ameaça e precisa ser afastado. Por isso, o fiel é levado a namorar e se casar apenas com pessoas da mesma instituição, porque esse ato visa manter a unidade e preservar o grupo. Não se espante ao ver fiéis se divorciarem dos seus cônjuges, com a alegação de que seu companheiro se tornou uma ameaça à sua fé. Tal atitude extrema é resultado de um ensino manipulador bem refinado, já que o fiel aprende que seu líder está “zelando” por sua alma. Quando alguém se “rebela”, é demonizado e totalmente isolado.
5 – Você não é obrigado a nada
Embora os falsos pastores tenham muitos seguidores, também já perderam muitos. A internet está cheia de ex-fiéis denunciando e também alertando vítimas e possíveis vítimas. Isso faz com que os falsos líderes se adéquem ao novo cenário. Nessa nova abordagem, é essencial mostrar que não há nada a perder em testar o “método de fé” que eles oferecem. O texto bíblico em Mateus 11,28 diz: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”. Não é impressionante como falsos pastores usam esse texto para dizer que Deus deixa todo mundo livre para fazer suas escolhas? Por isso, como “legítimos” servos de Cristo, os falsos líderes jamais obrigariam alguém a fazer algo que não se quer. Já vi falsos pastores dizendo, na televisão, que se alguém está desconfiado, poderia ir até a “igreja” sem a carteira no bolso. Isso tudo visa desarmar o possível fiel que já está um pouco familiarizado com o ambiente mesmo sem nunca ter ido lá. A abordagem do líder tem o objetivo de ganhar a confiança do indivíduo.
A pessoa, em desespero, vai acabar cedendo a tantas promessas e participando dos cultos ou das reuniões. Em pouco tempo, se estiver atenta, vai perceber que, mesmo sem o falso pastor colocar uma arma em sua cabeça, ele vai criar muitas situações para constranger e induzir a pessoa a fazer o que ele realmente quer. Imagine uma “campanha de fé” em que o falso pastor precisa alcançar uma grande meta de arrecadação. Ele vai chamar os fiéis que não estão participando até o “altar”, com a mensagem de que só quer fazer uma oração por essas pessoas. Depois de terminar a oração, os envelopes já estarão no “altar”, então ele vai dizer que todos ali estão diante da oportunidade de mudar de vida, e que quem quiser virar as costas para a “bênção” deve voltar para seu lugar sem o envelope. A pessoa, totalmente constrangida na frente de todos, acaba pegando o envelope mesmo sem querer. Outra tática é intensificar os atendimentos no gabinete pastoral, para identificar quem ainda não está na “campanha de fé”. Em um atendimento privado, o pastor pode conseguir mais um adepto disposto a doar todos os seus bens para a instituição. Músicas que exaltam a “corrente de oração” também são usadas, do tipo: “Se você não vai, não me impeça de ir”. Também visitas em domicílio são intensificadas, para aumentar os números de adeptos na “campanha”. Outra artimanha muito frequente é fazer reuniões em grupos separados. A maioria dos falsos pastores organiza muitos grupos dentro da “igreja”: de jovens, evangelistas, diáconos, obreiros e idosos, com uma boa fragmentação. Isso ajuda não apenas no controle dos fiéis como também na hora de levantar adeptos para a “campanha”. Outra manobra é preparar algo que identifique os participantes dos demais, para constranger e também gerar uma reação principalmente nos fiéis mais vaidosos, que não querem estar fora do que acontece. Camisetas personalizadas, broches, fitinhas, coletes e até faixas na cabeça são usados. Imagine você assistindo a uma reunião ou um culto, como preferir chamar, diante de oitenta pessoas vestidas com uma camiseta personalizada na cor vermelha, declaradamente participantes de determinada “campanha de oração”. Apenas você e cerca de doze pessoas estão com roupas comuns. Como você se sentiria sabendo que todo mundo os olha com certo “desprezo” por vocês não estarem na “fé”? Consegue entender como isso funciona? Mesmo os falsos pastores seduzindo seus fiéis com a promessa de que “jogam” limpo, eles usam muitas estratégias para manipular o fiel a fazer exatamente o que eles querem.
No final da “campanha de fé”, o pastor irá recolher uma soma extraordinária de dinheiro e bens, enquanto seus fiéis ficam esperando um socorro divino que certamente não virá. E não digo isso por não acreditar em Deus, pelo contrário; minha fé me manteve de pé até hoje. Falo isso porque não acredito nessa barganha que tomou conta da “igreja” desde sempre.
6 – Olhe para Jesus
Você, que chegou até aqui, já deve estar bem impressionado com a capacidade de manipulação dos falsos pastores. Mas preciso deixar registrado que não construí sozinho tudo que você já leu até agora: o que escrevi foi resultado de muita pesquisa e compartilhamento de opiniões. Eu mesmo tive que viver tudo isso na pele, pois fui ensinado a ignorar o mau testemunho dos meus líderes e a ficar apenas olhando para Jesus. Claro que, sendo Ele o modelo perfeito do cristianismo, deve ser sempre o espelho no qual o cristão deve se olhar, mesmo sabendo que não há como alcançar a perfeição durante nossa jornada. Contudo, é importante entender que o ser humano é dotado de razão e muita inteligência, e é exatamente por isso que Paulo diz para Timóteo em 1 Timóteo 4,14: “Não desprezes o dom que há em ti…”.
Como poderei usar os talentos que tenho para melhorar o mundo em que vivo, ignorando a própria razão?
O texto bíblico mais usado por falsos pastores, para enganar seus seguidores, está em Efésios 5,1.2: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave”. Nessa tática enganosa, o fiel é levado a ignorar todos os problemas da instituição, com a visão de que é por conta de um bem maior. O entendimento é de que, apesar de tudo, a “igreja” está ganhando almas, e que embora o pastor tenha seus deslizes, é melhor não escandalizar a membresia. Seguindo esse ensino, falsos pastores estão construindo riquezas exorbitantes à custa de pessoas que muitas vezes não têm nem o que comer. Infelizmente essa é a nossa realidade! Muitos fiéis adotam como filosofia de vida essa ideia de que um escândalo seria muito pior, por isso tomam uma postura de passividade. Ficam esperando Deus agir, enquanto seus “pastores” deixam vítimas por onde quer que passem. “Deus sabe o que faz”; “eu estou fazendo a minha parte”; “o pastor vai prestar contas com Deus”; “eu estou olhando só para Jesus”; “Deus colocou ele lá, Deus tira”, frases assim são repetidas continuamente. É como se o fiel não conseguisse entender que ele não só faz parte disso como também financia tudo isso; e, mesmo sem cometer certos abusos, também é culpado de maneira indireta.
E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as.
Porque o que eles fazem em oculto até dizê-lo é torpe.
Mas todas estas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz tudo manifesta.
Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.
(Efésios 5,11.14)
Textos como este, de Efésios, são totalmente ignorados nesse ponto ou usados em outros termos para atender os interesses dos falsos pastores.
7 – Perseguidos por causa do Evangelho
A igreja evangélica cresceu bastante nos últimos anos, e com isso vieram muitos problemas.
Esse significativo aumento gera uma enorme responsabilidade, mas também traz aos falsos pastores um poder “bélico” enorme, pois assim fica muito mais fácil colocar seu plano de poder em ação. Eleger seus candidatos, barganhar com os executivos municipal, estadual e nacional, e até conseguir perdão de dívidas são exemplos bem recentes.
O fiel, apaixonado e cego, não consegue perceber que está sendo usado para um plano de poder nada eclesiástico. Quando algum líder religioso é preso ou sofre um processo judicial, a membresia logo é usada para protestar na frente da delegacia, do fórum de justiça ou na internet. Caso algum veículo de notícia tenha dado alguma ênfase para a reportagem, logo esse canal é vítima de perseguição, que vai desde mensagens em suas redes sociais até vídeos de fiéis dizendo que nunca mais irão assistir ou ler determinado veículo de comunicação. Caso o fiel tenha algum serviço de assinatura desse canal, ele já desfaz o contrato e deixa bem claro o motivo. Por trás de toda essa mobilização está a ordem do líder religioso, que usa seus seguidores para perseguir quem critica suas práticas. O fiel apaixonado nem se dá o direito de analisar a notícia, de conhecer o processo judicial para ver se realmente seu líder não cometeu algum crime. Ele simplesmente já rotula tudo como perseguição religiosa e por isso precisa se mobilizar, porque no seu entendimento a instituição está sendo sabotada para não conseguir “ganhar almas” para Jesus.
O falso pastor sabe que, cedo ou tarde, suas práticas serão questionadas, na medida em que sua “igreja” e seu patrimônio crescem. Ele também sabe que, conforme isso acontece, vítimas insatisfeitas ficam pelo caminho. Por isso o falso líder precisa modelar seu rebanho, para protegê-lo quando isso ocorrer. Não é de se espantar que muitos líderes políticos estão se associando a “grandes pastores” para fazer a seguinte troca: “eu te protejo e você manda seu rebanho votar em mim”. Enfim, são muitos interesses em jogo.
8 – Cuspindo no prato que comeu
Como já falamos, o movimento evangélico está crescendo em nosso país, e isso tem o lado bom e também o ruim. Dentro desse movimento existem muitos falsos pastores, que são apenas homens de negócios em busca de expansão. São malignos totalmente desprovidos de misericórdia e, como se não bastasse a maldade empregada em suas ovelhas, ainda assim tentam, de todas as formas, manchar a imagem de quem não aceitou mais se submeter a seus caprichos. Existe um texto bíblico em Lucas 9,62: “[…] Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus”.
A ideia de olhar para trás é usada para rotular todos aqueles que decidem abandonar a instituição. Embora os falsos pastores sejam muito bons na sua arte de manipular, há muitas pessoas que, com o passar do tempo, entram na fase de questionamento — e depois de um longo período de reflexão entendem que foram vítimas de um falso ensino. Quando essas pessoas abandonam sua instituição, são taxadas de ingratas por seus líderes. Aqueles que passaram a vida toda dizendo que o acolheram por amor, agora agem como se você estivesse em dívida com eles, mesmo que você tenha passado décadas servindo a instituição. É como se você tivesse contraído uma dívida eterna desde o primeiro dia em que entrou lá, uma dívida impagável.
O mais curioso é que esse não é o tratamento dado a quem chega de outra instituição. Quando um fiel vem de outra “igreja”, por conta de algum problema na sua antiga, é recebido com muito carinho, afinal um dizimista já pronto chegou. É o que eu chamo de “pescar no aquário”! O falso pastor só vai precisar de um certo tempo para adequar o novo fiel às doutrinas da “igreja”. É por isso que muitos “pastores” focam em seduzir rebanhos de outros “pastores”. Os falsos líderes não tratam esse novo fiel como alguém que cuspiu no prato que comeu, alguém que deve voltar para sua antiga instituição.
Esse argumento é pífio e muito raso, pois resume a vida do indivíduo a escolhas primárias, como se o ser humano não sofresse mudanças durante o processo e não pudesse chegar à conclusão de que certas escolhas foram, na verdade, um grande erro. Não poderia deixar de registrar que a maioria dos falsos pastores também já fez parte de alguma instituição antes de abrir a sua, mas nesse caso ele irá dizer que foi diferente, que não conseguiu “ganhar almas” onde estava. Segundo essa ótica de que quem sai da sua “igreja” cuspiu no prato que comeu, quem foi que cuspiu primeiro, hein?
9 – Não julgueis para não ser julgado
Adoro falar deste assunto porque é um dos mais usados em se tratando de cristianismo brasileiro. É impressionante como as pessoas repetem essa expressão sem ao menos tentar entendê-la. Da mesma forma que gosto de tentar explicar, fico muito triste em saber que esse argumento ainda será usado durante décadas, até que uma grande parte entenda de uma vez.
O texto bíblico mais utilizado para embasar essa argumentação está no livro de Mateus.
Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? (Mateus 7:1-4)
O texto está mostrando como devemos ser responsáveis por nossos julgamentos, e humildes em nossas opiniões; como devemos ter cuidado e misericórdia para analisar fatos alheios. Mesmo assim, os falsos pastores manipulam o entendimento da membresia para levá-la ao erro de que Jesus estava falando, sobre nunca julgarmos nada e nem ninguém. Esse ensino visa neutralizar qualquer reação do fiel diante de fatos concretos, principalmente com relação à má conduta de seus líderes. É espantoso constatar que, mesmo o pastor julgando em todos os momentos, os fiéis não entendem que também podem emitir julgamentos sobre pessoas e fatos. Na verdade, todo mundo faz isso a todo instante, só ainda não entendeu.
Segundo o dicionário Aurélio, alguns significados da palavra julgar são: formar conceito, emitir parecer, opinião sobre (alguém ou algo). Julgar não significa condenar ou desprezar alguém, como os falsos pastores ensinaram todo esse tempo. Quando você julga, está dando uma opinião sobre alguém ou algo, e isso nós fazemos o tempo todo. Claro que essa opinião precisa ser acompanhada de respeito e responsabilidade, para não ferir ou prejudicar alguém de maneira injusta. Os falsos pastores não só julgam como condenam a todo instante quem os crítica e quem se “rebela” contra seus ensinos.
Esse conceito foi construído ao longo da história para neutralizar seus fiéis e mantê-los totalmente passivos diante de atitude nada eclesiásticas, suas e de seus protegidos. Portanto, não tenha medo de omitir sua opinião sobre nada e ninguém, desde que você esteja convicto dos fatos.
Veja só o que o texto bíblico de João 7,24 diz: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça”. Note no texto a palavra “mas” que na gramática é chamada de conjunção adversativa. Ela exprime a ideia de oposição, e isso significa que o que vem depois é oposto ao que foi dito. Quando o texto fala: “Não julgueis segundo a aparência”, logo depois vem: “[…], mas julgai segundo a reta justiça”.Resumindo: eu posso julgar, sim, desde que seja com justiça, responsabilidade e, principalmente, amor.
Emitir opinião condenatória com relação a práticas de falsos pastores, na verdade, está mostrando o quanto você tem amor para com as pessoas envolvidas. Por isso não tenha medo de opinar e até de condenar o engano a que tais ovelhas são submetidas. Creio que você já tenha entendido que esse argumento só serve para manipular e garantir um rebanho totalmente passivo diante dos verdadeiros crimes praticados por falsos pastores.
10 – Falando mal
Até aqui já deixamos muito claro que o falso ensino e a passividade do rebanho garantem grandes lucros e poder para os falsos pastores. Eles sabem que sua teologia é rasa e não resiste ao crivo da filosofia, por isso trabalham arduamente para programar o comportamento dos seus fiéis, pessoas que mesmo diante de argumentos claros não conseguem raciocinar e entender o engano ao qual foram submetidos. A submissão é tão profunda que, mesmo que o fiel se sinta tentado a pensar, acaba tendo medo de o fazê-lo, pois a sua salvação estaria em perigo. Esses fiéis acreditam cegamente que não podem questionar nada que seus líderes fazem; creem que, caso seus pastores não tivessem a benção de Deus, eles nunca teriam prosperado, nunca teriam alcançado o sucesso. Exemplos de ex-fiéis que sofreram desgraças são usados para manter o medo e garantir a fidelidade do rebanho. Você provavelmente já deve ter ouvido “pastores” comentarem sobre algum ex-pastor, ex-obreiro, ex-diácono, ex-evangelista etc. que, depois que saiu da “igreja”, sofreu um acidente fatal. É só você fazer um esforço e certamente vai se lembrar de fiéis da “igreja” que sofreram da mesma forma, mas a manipulação é tão grande que o fiel associa significados diferentes ao mesmo acontecido. Um fiel morreu de acidente de carro? Deus o levou para a glória! Deus sabe o que faz! Um ex-fiel morreu de acidente de carro? O diabo o matou! Ele está com o diabo no inferno! Muitos “pastores” e membros chegam a exclamar com muita alegria sobre a morte de um dissidente. Isso mostra que tais corações estão desprovidos do amor que tanto proclamam ter.
E, claro, o texto bíblico é usado para criar o medo. Números 12,9.10 diz: “Assim a ira do Senhor contra eles se acendeu; e retirou-se. E a nuvem se retirou de sobre a tenda; e eis que Miriã ficou leprosa como a neve; e olhou Arão para Miriã, e eis que estava leprosa”.
Miriã, irmã de Moisés, ficou leprosa depois de ter comentado sobre o casamento do irmão, como narra bem o início do capítulo, por isso foi punida com a lepra. Os falsos pastores usam esse e outros textos para dizer que, caso alguém desaprove o que eles fazem, terá o mesmo fim. O falso pastor se coloca como um Moisés dos tempos modernos, e Deus como o seu serviçal, e infelizmente o povo acaba comprando a ideia.
É preciso a membresia entender que falar mal, segundo o dicionário Aurélio, é difamar, depreciar. Onde está a difamação em só comentar e reprovar fatos ilícitos? Por que o fiel acredita que está depreciando a imagem do pastor ao reprovar o que está diante de seus olhos? Todo esse enredo é resultado de um falso ensino de décadas nos corações de pessoas sinceras, que só estavam em busca de paz e acolhimento.
11 – Deixar na mão de Deus
O ser humano é dotado de razão. Isso nos diferencia dos outros animais, e até eles têm sua capacidade de se organizar e de se precaver para o futuro. Um exemplo clássico é o das formigas, que trabalham para estocar seu alimento. Enfim, são muitos exemplos, e o texto bíblico fala sobre a preocupação com a própria subsistência do homem.
“Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?” (Mateus 6,25.26)
O texto ensina que a fé em Deus deve nos trazer paz com relação ao futuro, mas não diz que devemos ser passivos com relação a isso, e é exatamente o que nos difere dos animais.
Quando o falso pastor comete algo que vai contra os princípios da fé, logo se diz: “deixa na mão de Deus!”. Curioso é ver que o próprio “pastor” não age assim quando se sente ameaçado ou quando algum seguidor seu comete um “delito”. Imediatamente esse fiel é punido e muitas vezes até exposto na frente de todos, e mesmo assim os fiéis são ensinados a deixar tudo na mão de Deus.
Imagine se os executivos municipal, estadual e nacional deixassem de desenvolver suas competências. Imagine o judiciário dizer que não irá mais julgar ninguém, que vai deixar tudo na mão de Deus. Meus queridos, não caiam nessa armadilha! Somos seres inteligentes e não podemos nos deixar manipular por “pastores” que só estão interessados em lucro e poder. Deus já fez tudo que tinha que fazer por nós, agora precisamos deixar de ser passivos e fazer tudo que nós podemos fazer. Um texto que resume muito bem isso está em Isaías, quando Deus se refere ao povo de Israel.
Agora cantarei ao meu amado o cântico do meu querido a respeito da sua vinha. O meu amado tem uma vinha num outeiro fértil. E cercou-a, e limpando-a das pedras, plantou-a de excelentes vides; e edificou no meio dela uma torre, e também construiu nela um lagar; e esperava que desse uvas boas, porém deu uvas bravas.
Agora, pois, ó moradores de Jerusalém, e homens de Judá, julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha. Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? Por que, esperando eu que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas? (Isaías 5,1.4) Deus deixa claro que já tinha dado tudo aquilo que Israel precisava para ter uma vida de qualidade. Obviamente seria leviano de minha parte ignorar que políticas públicas feitas sem reponsabilidade também interferem na vida coletiva, mas o básico todos nós já temos, por isso não seja passivo diante de fatos. Exponha, critique, denuncie tudo aquilo que aos seus olhos é errado, não fique esperando Deus fazer aquilo que você tem que fazer.
12 – Abandonei tudo por causa do Evangelho
Uma tática bem comum, usada por falsos pastores, é se colocar como uma vítima da sociedade, alguém que pagou um alto preço para chegar aonde chegou; uma verdadeira vítima cheia de boas intenções no coração. Muitos até choram quando comentam sobre sua trajetória difícil. Eu mesmo já vi cenas assim de perto e sei que a história sofrida é sempre romantizada. São colocados personagens que nunca existiram, tudo para que o líder seja idolatrado como alguém que realmente pagou um preço alto, que só chegou aonde está pelo fato de ter sido escolhido por Deus.
A figura de um verdadeiro líder carismático se constrói a partir dessa narrativa. Max Weber, em Economia e Sociedade, explica isso com mais detalhes:
O carisma é a grande força revolucionária nas épocas com forte vinculação à tradição […] ao invés da piedade em relação àquilo que é, desde sempre, considerado comum, e por isso sacral, ele força a sujeição interna sob aquilo que nunca antes existiu, sob o absolutamente singular, e por isso divino. (Weber 1991, p. 161).
Weber reconhece no carisma uma força social essencialmente criativa para manter o controle de massas. Nessa narrativa, o líder carismático torna-se o exemplo a ser seguido, o exemplo idealizado; todos os seus seguidores almejam ser como ele, e sua família é perfeita na visão do fiel. Deus simplesmente lhe deu tudo, e é esse tudo que o fiel também vai querer. O líder carismático não precisa ter todas as qualidades necessárias, mas os seguidores precisam acreditar que ele tem.
Uma grande parte das instituições religiosas fundadas no Brasil nasceu a partir da fragmentação de outras. O líder sempre diviniza o processo dizendo que recebeu uma “visão” para iniciar sua nova empreitada. A maioria tinha poucas posses e quase nada para abandonar quando iniciou sua nova instituição, mesmo assim vende a ideia de que “abandonou tudo” para pregar o Evangelho. Essa narrativa visa sensibilizar a membresia no sentido de que esse líder só foi alcançado pelo Evangelho porque foi muito corajoso para “ouvir a voz de Deus”. Ele não teve medo, por isso merece toda a vida de riquezas que tem hoje. Isso também será usado para manipular seus pastores subordinados: a história de superação do líder vai aguçar a ganância de todos aqueles que um dia também querem chegar aonde o líder está. Enquanto isso não acontece, os pastores se sacrificam a todo custo para fazer acontecer, e os fiéis sacrificam todos os seus bens para conquistar uma vida igual à do seu líder. Isso gera grandes riquezas para o líder carismático.
Ele precisa manter as aparências, por isso, se algum membro de sua família assume sua sexualidade fora dos padrões da “igreja”, certamente será mandado para fora do país, para que a membresia continue acreditando na vida perfeita do líder carismático. Caso você queira pode deixar um comentário sobre algum argumento que eu não mencionei aqui. Com esses argumentos e muitos outros falsos pastores tem escravizado multidões e construído grandes fortunas ao redor do mundo.
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